BRASÍLIA, 9 Jul (Reuters) - O mercado reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano pela nona semana consecutiva, reafirmou a aposta em um corte de 0,5 ponto na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e diminuiu a estimativa para a Selic em 2013. De acordo com o relatório Focus do BC divulgado nesta segunda-feira, o mercado cortou a previsão de crescimento do PIB para 2,01 por cento, ante 2,05 por cento previstos na semana passada.
Se concretizado, o resultado seria o pior desde 2009, quando a economia encolheu 0,33 por cento, e ficaria bem abaixo do desempenho do ano passado, quando a expansão foi de 2,7 por cento.
Devido à recuperação ainda lenta da atividade e ao cenário internacional bastante conturbado, o próprio BC já reduziu sua projeção para o crescimento da economia brasileira neste ano de 3,5 para 2,5 por cento.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB cresceu apenas 0,2 por cento na comparação com os últimos três meses de 2011. A indústria é o setor que mais vem encontrando dificuldade em se recuperar sendo que, em maio, a produção do setor caiu 0,9 por cento.
As autoridades vêm agindo em duas frentes para enfrentar essa situação. Enquanto o governo anuncia benefícios fiscais a indústrias e consumidores, além de aumento das compras federais, o BC já reduziu a Selic em 4 pontos percentuais desde agosto passado.
Segundo o Focus, o mercado bateu o martelo nas previsões de que, na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzirá a taxa básica de juros do país em 0,50 ponto percentual, para 8 por cento ao ano. Para o final do ano, os analistas consultados também mantiveram suas contas de que a Selic ficará em 7,50 por cento.
Pesquisa Reuters mostrou que as apostas são unânimes de que a Selic irá a 8 por cento nesta semana e que o BC deve reduzi-la mais uma vez, em agosto, em mais um corte de 0,50 ponto.
No relatório, a perspectiva para a Selic para 2013 caiu para 8,5 por cento ao ano, contra 9 por cento na semana passada.
A dificuldade da atividade econômica em deslanchar preocupa o governo e os mercados, e a desaceleração da inflação dá espaço para o Banco Central continuar reduzindo a Selic, já na mínima recorde de 8,50 por cento ao ano.
Para 2013, as previsões no Focus apontam para um PIB crescendo 4,20 por cento, o mesmo da semana passada.
INFLAÇÃO
A inflação sob controle ajuda o BC sua política de estímulo à economia. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) --considerado a inflação oficial-- registrou em junho a menor variação desde agosto de 2010 ao subir 0,08 por cento, após alta de 0,36 por cento em maio, abaixo do esperado pelo mercado.
Assim, o mercado continua reduzindo suas estimativas para o IPCA no final deste ano, permanecendo abaixo da marca de 5 por cento, segundo o Focus.
A previsão agora é de que o IPCA no final deste ano ficará em uma alta de 4,85 por cento, ante 4,93 por cento na semana anterior. Para 2013, a expectativa foi mantida em 5,50 por cento anteriormente.
Ainda segundo o Focus, a taxa de câmbio prevista pelo mercado para o fim de 2012 foi mantida a 1,95 real por dólar.
(Reportagem de Tiago Pariz)B
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