Fonte G1
Será a primeira experiência de Jorge Bergoglio em uma Jornada. Nem como cardial ou bispo ele tinha participado deste encontro.
Menos de 24 horas antes de embarcar para o Brasil, o Papa Francisco, da janela do Palácio Apostólico, rezou o seu último Ângelus antes da longa viagem.
Citando São Lucas e São Bento, pediu aos católicos orações e esforços concretos para os que necessitam.
O papa saudou com afeto todos os peregrinos. Uma grande faixa foi erguida na praça e Francisco respondeu: “Vejo lá embaixo votos de boa viagem. Obrigado”.
“Peço que vocês rezem, que me acompanhem espiritualmente na viagem que farei amanha. Como vocês sabem irei ao Rio de Janeiro para a 28ª Jornada Mundial da Juventude.
Haverá tantos jovens de todas as partes do mundo. Penso que essa jornada pode ser chamada de a semana mundial da juventude.
Será a sua primeira experiência em uma Jornada. Nem como cardeal ou bispo, Jorge Bergoglio tinha participado deste encontro.
Não se sabe se ele vai regatar o aspecto festivo do evento, como fazia João Paulo II, que até dançou com os jovens. Ou se vai continuar a linha de Bento XVI, mais sóbria e critica das jornadas que se expressavam como um festival de rock e o papa como uma pop star.
Certamente não deve abandonar o estilo que escolheu como papa: Franciscano.
Desde que assumiu o comando, com a cruz de metal, os sapatos velhos e pretos e a batina sem a mantilha vermelha, que os gestos humildes de Francisco vêm sendo interpretados como anúncio de mudanças profundas.
O papa que rejeitou os 300 metros quadrados do apartamento papal, que preferiu o anel de prata com banho dourado no lugar do ouro e que aboliu o carro de luxo. Usou cada um desses símbolos para propor uma nova mentalidade.
Francisco começou a sua ação política nomeando uma comissão de oito cardeais para estudar a reforma da Cúria. Um gesto inédito, de divisão de poder, que muda a face monárquica do papado. Criou também uma comissão para fiscalizar o Banco do Vaticano. E nos últimos dias, outra para as instituições que administram os imóveis da Santa Sé.
Mudou o código penal interno, tornando mais rígidas as punições para a pedofilia.
Na viagem ao Brasil, o Papa Francisco deverá reafirmar o compromisso com uma Igreja ao lado dos mais pobres, com uma religiosidade e uma piedade populares e também com uma visão critica da globalização e dos seus efeitos, não só na América Latina, mas em todo o mundo. É como se o papa estivesse pondo em pratica a Teologia da Libertação, sem o conteúdo político de antes.
O movimento que surgiu há mais de quatro décadas na América Latina pregava o fim das desigualdades. Durante o pontificado de João Paulo II foi combatido por causa da identificação com as ideias de Karl Marx, fundador da doutrina comunista.
O grande desafio desta viagem, na opinião do vaticanista Lucio Brunelli, ainda é a Teologia da Libertação, uma grande ferida para a Igreja.
“O cardeal Bergolgio, na época, foi contrario a ela, mas ele acolheu o que esta teologia tinha de melhor, a luta pelos pobres’, disse.
O analista e escritor Marco Politi acredita que Francisco propõe um ecumenismo novo e original, que inclui as igrejas protestantes. E que a viagem ao Brasil poderá confirmar isso.
"Na Argentina, Bergoglio já rezava junto com os seguidores das igrejas pentecostais", destaca.
Para a teóloga Lucia Scarafia, o maior desafio será se propor como figura carismática, que se comunica com o povo, e não com os mais cultos e poderosos, como fez o Papa Ratzinger.
"A simpatia e a espontaneidade de Francisco vão relançar a Igreja”, disse.
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